quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A nossa indignação é uma mosca sem asas

Em um país rico como nosso, mas cheio de gente pobre porque possui uma das piores distribuições de renda do mundo, ficar preso passa a ser um belo atrativo. É verdade! Em uma delegacia que virou um presídio improvisado em Goiás; muito próximo à capital do nosso país; 140 presos vivem na mais deliciosa mamata: tem como vigias apenas três carcereiros, entram e saem quando querem, inclusive para jogar sinuca no barzinho da esquina. São até pró-ativos: tomam conta da cadeia enquanto os carcereiros saem para namorar (afinal são filhos de deus também!). Segundo as autoridades foram registradas quatro fugas nos últimos dois meses. Fato que considero curioso: quem em sã consciência fugiria de um lugar onde tem moradia e alimentação gratuita, eletrodomésticos, direito de ir e vir assegurado e visitas íntimas noturnas sem hora pra acabar? Ao contrário, imagino que muita gente que está no vermelho, devendo aluguel, luz e água, conta pendurada no mercadinho do bairro e telefone mudo tenha pensado em um novo projeto de vida: cometer um pequeno delito e se mudar para a cadeia de Goiás (na verdade não lembro o nome da cidade, mas é até melhor que não dá idéia não é?). Este é o NOSSO Brasil!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Crônica: Juju e o vaso sanitário

Desde que nasceu Juju convive com um objeto interessante. A princípio eles não interagiam muito, afinal ainda molinha não se deslocava sem o auxílio dos braços fortes da mãe e, de mais a mais as fraldinhas faziam bem o seu papel. Foi crescendo, dando os primeiros passos e descobrindo as nuances do seu lar até que um dia, ao entrar no banheiro, avistou o objeto; aquele curioso vaso seria um ótimo apoio para as suas tentativas de se afirmar como bípede. E lá foi ela. Tocou o vaso (frio- deve ter pensado), se apoiou, ficou de pé e que surpresa: ele é Oco e guarda um monte de água: encontrei uma fonte de água! Imagino que tenha sido isso que ela pensou, pois deste dia em diante passou a visitar o vaso todos os dias. E era um tal de pegar a água, colocar os braços, tentar colocar a cabeça e ninguém podia se dirigir ao banheiro que lá ia ela num questionamento eterno: é sisi? Cada vez que ela sumia, pronto, todos corriam para o seu recanto: lá estava ela! Numa interação sempre” profunda com o vaso. Aprendeu a apertar a descarga e passava os dias a olhar admirada as águas se volvendo e descendo cano abaixo. Ainda hoje é assim, não que já tenha passado muito tempo, mas ela ainda costuma passar algumas horas fazendo o que não somos capazes, voltar nosso olhar para as coisas simples e percebe-las como coisas maravilhosas! Ave Juju!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cada dia como se fosse o último

Este final de semana algumas situações me levaram a pensar sobre a morte. Essa sensação de finitude, de talvez deixar planos inacabados. A morte pode nos arrebatar da vida sem avisos prévios, sem planejamentos, sem nos dar a chance de dizer tudo o que queremos; realizar nossos planos e compreendermos nossas dores. Parece até pieguice dizer isso, mas acho que devemos deixar de planejar tanto o futuro como se o presente fosse somente uma escada. O momento é este, é o já, o aqui. Que todos vamos morrer, é um fato incontestável (ao menos até agora), quando é vamos morrer, essa sim é uma pergunta sem resposta. Vamos amar; perdoar; falar o que sentimos: algo meio anos 70 mesmo. Liberdade para nós mesmos. Cada dia é único... pode ser o último também... Pense nisso...